quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Bastardo


Venha meu filho, se aproxime.
O que foi que você disse para sua irmã ontem a noite?
Não entendi direito, mas uma palavra
Prá ser bem franco, não gostei nada.
De um tempo prá cá, o senhor está muito macho,
Sai por aí com os amigos de farra
E até me parece, meu filho, que você tem esquecido
Que aqui, nessa casa, sou eu que mando.
Assim, que o filho da sua irmã é bastardo 
Linda palavrinha, não? que progresso que tem feito, hein
Antes quando você era criança, me lembro, chegava chorando
Em busca da saia dessa que você a insultado.
Me parece meu filho que você esquece
Que sua mãe morreu quando você nascia
e que foi sua irmã a que não dormia 
pensando na sua mamadeira do próximo dia.
Aqui, nesta casa, não tem nenhum bastardo,
Todos são meus filhos, me entendeu?, e não aceito
Que um pirralho, como o senhor, me venha 
Insultar a rainha que tenho na fazenda.
Verdade que é solteira e que tem um filho,
Mas se agora é mãe foi porque ela quis,
Não como outras, que você tem conhecido
Que fazem remédio prá perder a cria.
Assim é, que não quero nunca mais ouvir
dizendo algo feio ou em contra do menino,
Deus é nosso pai, se falta carinho,
E ela é nossa mãe...bom...porque eu digo.
Assim que agora vá até a sua irmã,
E peça perdão e aqui não aconteceu nada,
Amanhã vamos com a tropa longe,
E faz falta um homem, porque eu estou velho.

2 comentários:

  1. Lindo, comovomente!!!!
    Só pessoas sensíveis pensam e escrevem assim com sentimento, pureza e verdade.
    Sucesso!!!!!
    Abraço meu Grande Amigo Juan!!!!
    Ivete Depelegrim @ivetedepelegrim

    ResponderExcluir
  2. O enredo do seu poema é complexo, assim como algumas situações da vida também são.
    A escolha do tema demostra seu olhar atento e sensível.
    Belas palavras, belo poema... Continue escrevendo!

    ResponderExcluir